Ainda a creche

Assim que a gravidez foi confirmada corri a inscrever o David na creche. Ficámos em lista de espera vários meses e finalmente em Dezembro disseram-nos que tinham 2 dias disponíveis, quarta e sexta. Então e os outros dias? Continuamos em lista de espera mas em Abril, mês em que regresso ao trabalho, não há vagas. Pânico! E agora? A creche custa os olhos da cara e mesmo assim não há vagas?

Decidimos recorrer a uma solução que não nos agrada tanto mas que serve enquanto esperamos pela creche que são os gastouders. Isto é mais ou menos o mesmo que uma ama, são no geral mulheres que estão em casa com os seus filhos e que tomam conta de mais umas quantas crianças para ganhar uns trocos. Os gastouders são seleccionados e controlados pela creche que verifica a idoneidade dos candidatos, as suas habilitações, ambiente familiar e que estabelece o número de crianças que essa pessoa pode ter à sua guarda. Embora não me agrade totalmente esta solução, fico um bocadinho mais tranquila por haver algum tipo de controlo. 

Mas o que é isto?

Descobri há pouco tempo que existe um programa chamado "I didn't know I was pregnant". Ainda não vi nenhum episódio mas acho estranho que tenham conseguido encontrar mulheres que não sabiam que estavam grávidas até entrarem em trabalho de parto em número suficiente para fazerem uma série. 

Todos os dias da minha gravidez eu sabia que estava grávida. Se ainda podia ter algumas dúvidas, os 3 últimos meses não podiam ter sido mais claros; os meus tornozelos eram da largura das minhas pernas, as pernas da largura da cintura e a cintura desapareceu e temo que nunca mais a volte a encontrar. Para além disso tinha todos os outros sintomas, dores e achaques que fazem questão de aparecer. 

Só posso concluir que ou estas senhoras eram muito distraídas ou então tiveram uma gravidez santa. Acho que vou desperdiçar 30 minutos da minha vida e ver um destes episódios.

Hoje temos vacinas

Para a tarde prevêem-se períodos de choro intenso e uma ligeira subida da temperatura.

Amamentação

Antes do nascimento do David eu pensava que só havia duas formas de alimentar um bebé; com leite materno usando o equipamento natural ou então biberão para o leite em pó. Mas há mais formas de alimentar um recém-nascido e penso que ao longo das primeiras semanas fomos experimentando todas, seguindo os conselhos de uma especialista em amamentação que nos ajudou quando o método mais natural e simples não resultou. Como ele nasceu antes do tempo, ainda não tinha a força e a coordenação necessárias para mamar e por isso nos primeiros dias foi alimentado com um copinho próprio e leite artificial.

Um recém-nascido mama de 2 em 2 horas, com sorte de 3 em 3. Todo o processo de trocar a fralda, dar o leite, arrotar demorava cerca de uma hora. Tínhamos ainda que trocar a roupa dele com frequência porque o leite muitas vezes escorria e o babete não era o suficiente para o manter limpo.

Passados uns dias, como ele já estava mais forte, começámos a treinar a sucção. Foi-nos recomendado o finger feeding (não sei qual o nome usado em português) que consiste em colocar um dedo na boca do bebé e com uma seringa ir dando o leite à medida que ele chucha no nosso dedo. Se o copinho já era difícil, este método então era ainda pior porque requer muita coordenação mas lá nos desenrascámos.

Passámos ainda por um método que envolvia ao mesmo tempo uma seringa e uma sonda, para tentar uma aproximação ao método mais natural. 

Finalmente passámos para um biberão que imita a mama. Num biberão normal mamar custa menos e é mais rápido do que na mama, por isso há o risco de criar habituação. Este biberão é mais difícil e por isso permite a transição entre biberão e mama sem problemas. 

Finalmente aceitei a realidade, a amamentação não iria resultar e passei para um biberão normal. Não foi fácil esta aceitação, isto era suposto ser tudo muito natural e não estava preparada para todos estes problemas. Numa fase em que estamos muito vulneráveis isto tem um impacto gigantesco, senti-me menos mãe, achei que eu estava a fazer as coisas mal, que não era capaz de cuidar do meu filho. Aos poucos tudo passa e foquei-me no mais importante que é dar ao leite materno ao David. Investi numa bomba de boa qualidade para extrair leite que pode ser facilmente transportada e que vou poder usar quando voltar ao trabalho.

Não é aquilo que desejei mas é a melhor opção. O David está a crescer e a aumentar de peso, está activo, brincalhão e feliz e isso é o que mais importa.

Ide votar

E nada de desculpas, eu tenho um puto de 3 meses, a mesa de voto fica a 50 kms de casa e já votei.

Três meses

O David faz hoje 3 meses, 3 meses muito intensos e muito bons. É incrível a quantidade de coisas que aconteceram em 3 meses e como a nossa vida mudou por completo. Os sentimentos vão-se sucedendo a uma velocidade vertiginosa, é fácil passar de uma felicidade extrema para uma angústia que nos leva às lágrimas em poucos minutos, o cansaço toma conta de nós, as dúvidas estão sempre presentes. É também incrível a forma como o David se desenvolveu neste tempo e ver como ele passou de um pequeno recém-nascido, frágil, indefeso e pouco interactivo para um bebé lindo, sorridente e brincalhão. Aquilo que mais me marcou ao longo destes 3 meses:

Toda a experiência do parto - Não vou dizer que foi fácil ou que depois de esquece tudo mas apesar de todas as coisas menos boas associadas ao parto foi a melhor experiência da minha vida e sem dúvida que quero repetir.

A primeira vez que o David agarrou o meu dedo - Muitas lágrimas (das boas) 

A chegada a casa - Na manhã seguinte ao parto, um misto de alegria e dúvidas. O que é que fazemos agora?

O momento em que a enfermeira se foi embora - Ao fim de 8 dias, a enfermeira que tomava conta de mim e do David foi-se embora. Agora estávamos sem rede e nunca me senti tão só como nesse momento. 

O regresso do pai ao trabalho - Afinal a sensação de solidão ainda podia piorar!

Primeiro almoço fora - Em 30 minutos num sítio perto de casa, a redescoberta da vida fora do quarto.

Primeiro sorriso - O sorriso mais lindo do mundo, faz com que tudo valha a pena.

Fim das cólicas - Yes!

Primeira doença - Ele está a sofrer e nós não podemos fazer nada, estamos ali só a assistir completamente impotentes.

Agora estamos na fase da descoberta das mãos, de fazer bolhinhas com a boca, dos "GU", "AUAAA", "HUU" e dos soninhos de 9 horas durante a noite. Sei que os próximos meses vão ser ricos em descobertas e conquistas, aqui estarei para relatar as novidades. 

O último dia de licença de maternidade

É hoje! E sim era suposto eu meter o meu filho na creche no dia em que faz 3 meses. As 16 semanas a que tinha direito (6 antes da data prevista para o parto e 10 depois) acabaram . A partir de amanhã vou usar a licença parental, são 6 meses que posso usar como e quando bem entender até o David completar 8 anos. O único senão é que estes dias não são pagos, por isso até Abril vamos ter que ser mais criativos a gerir o orçamento doméstico.

Coisas de que o David gosta

Baby bjorn - Adora andar virado para a frente para poder ver tudo o que se passa. Decidimos comprar isto depois de muitas dores nas costas e braços.

doomoo - Muito útil, serve de cama e de cadeira, confortável, lavável, aconchegante e seguro. Recomendo!

Baby TV - Já sabemos o número do canal de cor. Acho que ele ainda é muito pequeno para estas coisas por isso limita-se a televisão a uns minutos por dia. O programa que o faz literalmente vibrar de emoção é o Draco. Vê-se que o puto é altamente inteligente, ainda não tem 3 meses e já gosta de dragões.

Dormir como um bebé

Quem inventou esta expressão não tinha filhos.

Sobreviver à passagem de ano

Depois de um Natal com uma mistura de tradições portuguesas e holandesas, todas elas muito docinhas e calóricas, seguiu-se a passagem de ano. Os holandeses são em geral são um povo sisudo e pouco dado a manifestações espontâneas de alegria mas há 3 ocasiões em que eles perdem a vergonha e festejam a sério, são essas ocasiões o dia da rainha, mundiais ou europeus de futebol em que participa a Holanda e a passagem de ano. Aqui nos dias 29, 30 e 31 de Dezembro é permitida a venda de fogo de artifício a qualquer pessoa maior de 16 anos, que pode armazenar até um máximo de 10kg. O fogo pode ser usado entre as 10:00 do dia 31 e as 02:00 do dia 1 de Janeiro e para evitar estragos maiores recolhem-se os marcos do correio, parquímetros, caixotes do lixo e outras coisas passíveis de serem rebentadas, queimadas ou apenas vandalizadas. Pode-se imaginar facilmente o que resulta da mistura de fogo de artifício com bebidas alcoólicas. Este ano morreram duas pessoas para além dos tradicionais feridos e gente que fica sem dedos, 40 carros foram incendiados apenas em Haia, mais de 600 pessoas foram presas por desacatos, muitas lojas foram vandalizadas, enfim uma festa de arromba. Por aqui na nossa cidade, mais pequena e pacata não faltou o fogo de artifício em quantidades impressionantes durante horas mas sem a parvoíce que se vê noutros sítios. Acabou por ser um espectáculo bonito, o David gostou muito de ver e não se assustou com o barulho. 

Feliz 2011 (já um pouco atrasado)

Passei por aqui só para dar conta das novidades. Lá se passou o Natal e o ano novo, foi bom ter a família por cá mas gora a casa parece ainda mais silenciosa. O David está grande e muito interactivo, ele é todo sorrisos, gosta de ver os bonecos, gosta de ver pessoas a bater palmas e a fazer palermices, adora a árvore de natal, e já vai espreitando o baby tv e gosta. O problema é que 2011 trouxe a primeira doença do David, está com muita tosse e expectoração, nariz entupido e muitos espirros mas sem febre. Como a tosse é muito forte vomita com frequência e eu já não sei o que fazer. O médico diz que ele está bem, está activo e vai fazendo umas fraldas com muito xixi e por isso não preciso de me preocupar mas ver o nosso filho a tossir, a chorar e a vomitar todo o dia parte o coração. Espero que isto não se prolongue por muito mais tempo, tem sido extenuante para mim mas sobretudo para o David que mesmo assim continua a brincar e a sorrir muito.